‘Vamos entrar em colapso’, diz dono de funerária em Salvador sobre demanda de sepultamentos na pandemia da Covid-19
“Vamos entrar em colapso”. É o que conta Nelson Pitanga, dono de uma funerária no bairro do Barbalho, em Salvador, sobre o aumento de sepultamentos por causa da Covid-19. Ele relata que recebe um pedido de sepultamento de vítima da doença por dia, e que por isso, pode faltar caixão.
“Desde o início da pandemia, nós começamos a sentir essa diferença, inclusive com os fabricantes de urnas. Hoje a gente tem uma dificuldade muito grande. Eu fazia um pedido que chegava uma semana e hoje chega em um mês”, relata Nelson.
A Associação dos Fabricantes de Urnas (Afub) emitiu um alerta nacional sobre a possível falta de caixões se a demanda por enterros continuar crescendo, por causa da Covid-19. Em Salvador, de acordo com a Secretaria de Ordem Pública (Semop), foram feitos 108 sepultamentos por causa da doença em fevereiro. Em 1º de março, foram 12 enterros de pessoas vítimas da doença.
“Se continuar caminhando do jeito que está, no mês de abril, vamos entrar em colapso certamente”, diz Nelson, dono da funerária.
Segundo a Afub, o objetivo do comunicado é alertar que os fabricantes de urnas estão com a capacidade comprometida, por causa da falta de matéria prima, o que pode gerar atrasos nas entregas e o não fornecimento do material. Além disso, a associação informou também que os reajustes nos preços dos insumos para fabricar as urnas estão sendo constantes e impraticáveis.
Para suprir a demanda por sepultamentos, a Semop informou que vai abrir uma licitação em março para construção de 1.125 novas gavetas no cemitério de Plataforma, em Salvador. Após a licitação, o prazo de entrega é de 90 dias.
Por causa da alta nos casos e de sepultamentos por causa da Covid-19, Nelson diz estar preocupado com a segurança dele e da família.
“Fico emocionado. Minha mãe tem um filho que trabalha no Samu e um filho que é do ramo funerário. Nós saímos sem saber como vamos voltar”, conta.
Os enterros das vítimas da Covid-19 são feitos de acordo com um protocolo sanitário de prevenção à doença. O professor George Amorim perdeu o tio para a Covid-19 na semana passada e conta que o sepultamento foi feito de forma restrita.
“[tio] uma pessoa maravilhosa para mim e infelizmente eu tive de sepultar meu tio em uma cerimônia restrita, em um caixão lacrado. Eu tirei uma foto para alertar aos meus amigos sobre o perigo que é esse vírus”, relata.
G1 Bahia