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Mais de 100 pesquisas tentam criar vacina capaz de pôr fim à pandemia

O mundo inteiro está aguardando a resposta certeira da ciência para a pandemia do coronavírus, o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid. Nesse clima de ansiedade, laboratórios e governos anunciam os passos e os avanços alcançados nas pesquisas e deixam em suspense aquilo que todo mundo quer saber: quando as pessoas vão ser vacinadas, se as vacinas forem aprovadas. O Jornal Nacional foi ouvir especialistas sobre essa questão.

É uma corrida que mobiliza cientistas do mundo todo. Já são mais de cem pesquisas para a vacina: três desses projetos estão em teste no Brasil. Um dos mais adiantados é o do Instituto Butantan, em parceria com a fabricante chinesa Sinovac. O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que a vacina estará disponível em breve.

“Os resultados da fase um e dois foram muito animadores, mostrando um perfil de segurança elevado e também uma alta capacidade de indução de anticorpos nas pessoas que receberam. Antes do fim desse ano é muito possível que nós tenhamos a demonstração cabal da eficácia dessa vacina, e com isso possamos registrar e usar a vacina já a partir do próximo ano”, explica.

Mesmo assim, os testes irão prosseguir até 2021. Ao Clinical Trials, site que reúne informações sobre estudos clínicos de vacinas, o próprio Butantan informou que o último dos quase nove mil voluntários só vai ser examinado em outubro de 2021. Mas, segundo Dimas Covas, os resultados da eficácia da vacina já poderão ser verificados depois que o último voluntário for vacinado, ainda em 2020.

“O estudo só será de fato encerrado após estes 12 meses. A eficácia poderá aparecer a qualquer momento a partir de outubro deste ano”, explicou.

A Pfizer , que trabalha em outra vacina, também pretende apresentar os primeiros resultados em outubro de 2020, antes do fim dos ensaios clínicos, previstos para novembro de 2022. A farmacêutica diz que, em caso positivo e após receber todas as aprovações regulatórias necessárias, espera iniciar ainda em 2020 a produção”.

O laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford esperam entregar 30 milhões de insumos farmacêuticos ativos ao governo brasileiro entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Mas o laboratório diz que “é importante ressaltar que as entregas dependem do sucesso dos resultados preliminares da fase três dos estudos clínicos da vacina.

Mesmo com os estudos clínicos em andamento, os laboratórios podem pedir autorização para fabricar doses da vacina contra o novo coronavírus desde demonstrem, cientificamente, que elas são seguras e eficazes. Tudo vai depender da aprovação da Anvisa.

“O critério para esta vacina ser aprovada é que haja uma proteção de pelo menos 50%. Lógico que eu ia preferir ter uma vacina com proteção de 90% do que de 50%, mas uma vacina de 50% já vai ter um impacto e é uma primeira vacina. E ali você já consegue, lógico, se eu proteger 50% da população que tomar a vacina, já vai ter um impacto muito grande na transmissão”, explica Denise Garret, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute.

Os especialistas explicam que, mesmo que a vacina seja aprovada antes do fim dos estudos, ela não traz riscos à saúde. “A segurança de qualquer maneira vai estar garantida, então o único risco que a gente correria seria de repente de a gente perceber que a eficácia não ficou assim super precisa. Mas é esse tipo, é a precisão científica que talvez não seja tão bem avaliada em menos tempo. Quando você tem mais tempo, você reúne uma quantidade maior de dados e isso permite um maior poder estatístico, e você vai ter uma resposta mais precisa quando você terminar”, analisa Natalia Pasternak, microbiologista e pesquisadora da USP.

A epidemiologista Denise Garret, vice-presidente do Sabin Institute, lembra que os efeitos da imunização não vão aparecer imediatamente. Por isso, não dá para relaxar com os cuidados contra a Covid-19. “O foco agora tem que ser reduzir a transmissão no Brasil. Vamos supor que a gente tem uma vacina como essa de 50% de proteção no fim do ano. Mais uns meses para distribuição e vacinação em massa. A gente não vai ver o impacto dessa vacina até, no mínimo, o fim de 2021. Essa vacina pode ser decisiva, mas não vai ser a bala de prata e milagrosa para poder interromper a transmissão logo”, explica.

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