Polícia

Sobe para 66 o número de mulheres mortas por disparos de arma de fogo em Salvador e Região Metropolitana, em 2023

Com a morte de Paloma Assis São Pedro, 30 anos, que foi executada com cinco tiros no bairro de Tancredo Neves depois de deixar os filhos na escola, chegou a 66 o número de mulheres mortas por disparos de arma de fogo este ano em Salvador e Região Metropolitana, de acordo com dados até o último dia 15 de agosto do Instituto Fogo Cruzado.

Destas 66 mortes, 54 foram no primeiro semestre do ano (de janeiro a junho), o que representa um crescimento de 63% dos assassinatos do gênero feminino se a comparação for feita com os seis meses finais de 2022, quando 33 mulheres foram mortas, segundo o Fogo Cruzado – o instituto não dispõe de dados do primeiro semestre do ano passado, já que começou a atuar em julho de 2022.

O Fogo Cruzado aponta ainda para um crescimento no número de mulheres baleadas. Salvador e Região Metropolitana saíram de 62 baleadas no segundo semestre de 2022 para 81 nos primeiros seis meses de 2023. Agora, no fim da primeira quinzena de agosto, o número de baleadas já chega a 102.

Entre os casos de mortes, não faltam exemplos de crimes bárbaros. Paloma, a vítima mais recente, caminhava na Rua Direta de Tancredo Neves quando foi baleada. Segundo familiares, ela teria sido surpreendida pelas costas por um homem que, depois do primeiro disparo, atirou ainda mais quatro vezes com ela já no chão.

Outra vítima da violência armada na capital foi uma mulher não identificada pela polícia e atingida por uma ‘rajada de tiros’ no bairro Sete de Abril, próximo ao Barradão. A mulher estava na interseção da Rua da Boa Paz com a Avenida Aliomar Baleeiro e chegou a ser socorrida para o Hospital São Marcos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

De acordo com moradores ouvidos na epóca pela reportagem, a mulher também teria sido pega de surpresa e foi morta pelas costas. “Foi uma rajada por trás, sem nem tempo de reagir ou fugir da área. Ela estava ali perto do poste e caiu na hora. Foram muitos tiros, tudo em uma sequência rápida, parecia até metralhadora”, contou um morador da Rua da Boa Paz, sem se identificar.

Três semanas antes, uma mulher foi assassinada dentro de casa no bairro de Valéria. Criminosos invadiram a casa de Rosemeire Lima Santos, 48 anos, no Conjunto Jardim Valéria II, e efetuaram vários disparos. Ela morreu ainda no local.

Segundo a Polícia Militar, uma equipe da 31ª CIPM foi acionada por volta das 21h30 para averiguar uma denúncia de uma mulher caída ao solo, vítima de disparos de arma de fogo. Quando chegaram ao local, os policiais encontraram Rosemeire já sem vida.

Os números do Fogo Cruzado e os casos citados acima reforçam a sensação de um aumento da violência armada local contra as mulheres. Contudo, para Sergio Cabral, especialista em segurança o pública, o que existe, de fato, é uma espécie de crise geral no que se refere à segurança. “Primeiro, há uma sociedade violenta que não confia nas instituições, que, muitas vezes, acabam não dando resposta para a sociedade. Então há mais armas nas ruas para uso de força letal pelas pessoas. […] Quanto mais armas nas ruas, há mais chance de uso dessas armas”, aponta.

Com a violência instituída e tendo a arma como solução do problema, o especialista admite que o gênero feminino é mais vulnerável a ser vítima de disparos por armas de fogo, seja por feminicídio ou homicídios. “As mulheres são um grupo desfavorecido na sociedade em função de todo o machismo estrutural que carregamos. Sem dúvida, são mais vulneráveis a essas violências, principalmente na interseccionalidade de gênero e raça. Mulheres pretas acabam sendo ainda mais vulneráveis”, afirma.

O grau de vulnerabilidade aumenta à medida que outros indicadores sociais se somam ao fator de gênero e raça, como questões de classe e sexualidade. Por isso, Sergio Cabral afirma que o fortalecimento de políticas públicas que levem em conta recortes e contornos sociais poderia ajudar a minimizar a violência contras as mulheres.

Correio

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