Desde o Real, Bolsonaro será primeiro a terminar mandato com mínimo inferior a quando entrou
O presidente Jair Bolsonaro encerrará seu mandato em dezembro deste ano como o primeiro ocupante do Palácio do Planalto que deixará o salário mínimo com menor poder de compra do que quando entrou na Presidência – descontada a inflação –, a contar desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Segundo a corretora Tullett Prebon Brasil, presente em 21 países e com histórico de 140 anos, autora do cálculo, a perda será de pelo menos 1,7%, caso a alta nos preços se estabilize.
Além do mínimo, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os salários em geral no país atingiram o menor nível desde 2012.
Caso a inflação no país acabe sendo maior do que prevê o mercado, o poder de compra atrelado ao mínimo nacional perderá mais do que os 1,7% apontados no estudo da Tullet Prebon. A corretora usou como base para a sua projeção o Boletim Focus, do Banco Central.
Aceleração da inflação e ajuste fiscal
Segundo os analistas, a perda é o resultado básico de dois motivos: a aceleração da inflação que não consegue ser contida pelo governo federal e o ajuste fiscal que utiliza o salário-mínimo como elemento forte na indexação do Orçamento da União.
Com preços ficando mais altos de um ano para o outro, a reposição da inflação que o governo diz promover não está garantindo a preservação total do poder de compra do salário-mínimo e isto acaba impactando nos demais honorários.
O menor nível salarial geral em 11 anos
Já faz três anos que não há reajuste do piso salarial brasileiro acima da inflação. O último aconteceu em 2019 porque ainda existia a regra de correção que previa a inflação do último período mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois últimos anos anteriores.
Para o Dieese, o resultado é dramático para a classe trabalhadora. Os salários atingiram o menor nível desde 2012. Tendo por exemplo São Paulo, a média salarial que era R$ 3.254 em 2019, caiu para R$ 2.868 em 2021. Uma redução de 11,9%.
Hoje, o salário-mínimo é R$ 1.212. Para o Dieese, ele é 5,3 vezes inferior ao piso necessário para que uma família de quatro pessoas tivesse acesso ao atendimento de suas necessidades básicas (moradia, transporte, alimentação, saúde e educação).
Fonte: Extra Classe